Pode ser que alguém discorde, mas no fundo no fundo, bem lá no fundinho, todo mundo é tímido! Quando o assunto é amor, então, nem aqueles com doutorado na escola da vida, que ganharam na mega-sena ou que já conquistaram a aposentadoria escapam ilesos da timidez. Até os mais extrovertidos da turma, do trabalho e da família, em algum momento ou situação, não conseguem fugir do acanhamento.
O problema é achar que timidez é sempre um problema. Alguns gastam horrores com terapia na expectativa de se livrar desse “mal”. Nada contra, mas, cá entre nós, para que o desespero se ela está impregnada em distintas proporções, é claro, no DNA de cada um? Há também aqueles que preenchem seus horários livres na internet, especialmente nos sites de relacionamento, na vã ilusão de que ali terão todas as chances de se desfazer da vergonha. Iniciam longos bate-papos elaborados por códigos que somente os viciados nesse mundinho virtual decifram (ahahah... kkkk... ehehe...). Depois de um tempo o assunto vai esfriando, esfriando, e nada como uma boa desculpa esfarrapada, somada a um belo ponto final e a uma inexplicável queda de energia para encerrar a prosa. Um dia terão que encarar o lado de fora da lan house e aí quem sabe o Santo Antônio dá aquela forcinha.
Tem também alguns espertos que usam a timidez como desculpa para tudo. Um exemplo é acenar um alô para uma pessoa, que está a alguns metros de distância, e não ser correspondido. Vivencio situações como essa com uma certa frequência por aqui. Parece que estou quase sempre dando tchau para o “Além”, quem sabe um dia ele me vê! Tudo bem, pode ser que a criatura não tenha me visto, ou que seja míope e justo naquele dia tenha esquecido os óculos no banheiro. Ainda assim, no fundo no fundo, bem lá no fundinho, continuo achando que esse comportamento tem outro nome: falta de educação.
Nas baladas é mais fácil identificar o perfil de um pseudo tímido. Ele divaga pelos cantos sozinhos ou, geralmente, em bando. Sempre com uma cerveja ou um cigarro na mão, pois não pode deixá-la simplesmente livre, leve e solta. Precisa urgentemente segurar a bendita da garrafa e, em alguns casos, se entupir de longos goles da bebida para criar coragem ainda que a presa tenha dado todos os sinais verdes possíveis de interesse. Como o mercado feminino anda farto, ele pensa que está no direito de escolher e faz o “tipo” de difícil. Se o ambiente for propício para dançar a dois, a coitada pode esquecer! Na maioria das vezes, esperar por um simples convite significa o mesmo que aguardar a tarde inteira por uma consulta na ginecologista.
Enquanto isso, o tímido de verdade, quando resolve tomar iniciativa e se aproxima da garota, também pode estar para lá de tonto, mas a pobre mortal, tão carente quanto ele, resolve dar-lhe uma chance na frustrante noitada, afinal, vai saber se amanhã o sapão com bafo de cerveja não vira um principão?! Se beijam e vão para suas casas convictos de que ganharam na loteria noturna. O dia seguinte? Aí é outra crônica...
E o que me fez escrever sobre esse assunto? Ah... sou tímida demais para contar. Mas eu continuo acreditando que, apesar de tudo, no fundo no fundo, bem lá no fundinho, toda timidez tem sua beleza.
(publicada no jornal Diário de Cuiabá, em 21 de junho de 2009)
O problema é achar que timidez é sempre um problema. Alguns gastam horrores com terapia na expectativa de se livrar desse “mal”. Nada contra, mas, cá entre nós, para que o desespero se ela está impregnada em distintas proporções, é claro, no DNA de cada um? Há também aqueles que preenchem seus horários livres na internet, especialmente nos sites de relacionamento, na vã ilusão de que ali terão todas as chances de se desfazer da vergonha. Iniciam longos bate-papos elaborados por códigos que somente os viciados nesse mundinho virtual decifram (ahahah... kkkk... ehehe...). Depois de um tempo o assunto vai esfriando, esfriando, e nada como uma boa desculpa esfarrapada, somada a um belo ponto final e a uma inexplicável queda de energia para encerrar a prosa. Um dia terão que encarar o lado de fora da lan house e aí quem sabe o Santo Antônio dá aquela forcinha.
Tem também alguns espertos que usam a timidez como desculpa para tudo. Um exemplo é acenar um alô para uma pessoa, que está a alguns metros de distância, e não ser correspondido. Vivencio situações como essa com uma certa frequência por aqui. Parece que estou quase sempre dando tchau para o “Além”, quem sabe um dia ele me vê! Tudo bem, pode ser que a criatura não tenha me visto, ou que seja míope e justo naquele dia tenha esquecido os óculos no banheiro. Ainda assim, no fundo no fundo, bem lá no fundinho, continuo achando que esse comportamento tem outro nome: falta de educação.
Nas baladas é mais fácil identificar o perfil de um pseudo tímido. Ele divaga pelos cantos sozinhos ou, geralmente, em bando. Sempre com uma cerveja ou um cigarro na mão, pois não pode deixá-la simplesmente livre, leve e solta. Precisa urgentemente segurar a bendita da garrafa e, em alguns casos, se entupir de longos goles da bebida para criar coragem ainda que a presa tenha dado todos os sinais verdes possíveis de interesse. Como o mercado feminino anda farto, ele pensa que está no direito de escolher e faz o “tipo” de difícil. Se o ambiente for propício para dançar a dois, a coitada pode esquecer! Na maioria das vezes, esperar por um simples convite significa o mesmo que aguardar a tarde inteira por uma consulta na ginecologista.
Enquanto isso, o tímido de verdade, quando resolve tomar iniciativa e se aproxima da garota, também pode estar para lá de tonto, mas a pobre mortal, tão carente quanto ele, resolve dar-lhe uma chance na frustrante noitada, afinal, vai saber se amanhã o sapão com bafo de cerveja não vira um principão?! Se beijam e vão para suas casas convictos de que ganharam na loteria noturna. O dia seguinte? Aí é outra crônica...
E o que me fez escrever sobre esse assunto? Ah... sou tímida demais para contar. Mas eu continuo acreditando que, apesar de tudo, no fundo no fundo, bem lá no fundinho, toda timidez tem sua beleza.
(publicada no jornal Diário de Cuiabá, em 21 de junho de 2009)
7 comentários:
muito bom Camila, ao ler o texto não tem como não imaginar vc falando, se expressando...
bjos
Oi Camila, que bom vê-la na blogsfera. Eu li o texto no meu email e gostei. Para mim a timidez é como o medo, útil quando é pouco, demais estraga.
bjo.
A propósio tb estou com um blog depis se tiver interesse passe por la, ele não assim personalizado como o seu né!
Abra a porta ou atravesse a ponte: http://www.ponteseportas.blogspot.com
Boa! Também sou tímido bem lá no fundinho.
O primeiro comentarista (Marcelo) tem toda razão a gente lê e logo te encherga nas situações!
Beijosss
Prima sou sua fã!
Curti a cronica! pura realidade rsrs...
bjoss
Anderson POS
Camila querida,
foi grande a idéia de um blog teu para juntar tudo o que você escreve, ao mesmo tempo poetico, sensado e divertido!
Eduardo (o bom, velho Eduardo...)
Ei! Não vai postar mais nada não?
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