quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Redescobri a senha...

Caros colegas,

Demorei, mas voltei. Um pouco ressabiada de continuar expondo aqui meus pensamentos, mas... voltei. Não prometo constância. Prometo um pouco mais de presença, menos poeira e teias de aranha neste blog do que em 2009.
Aproveito o espaço para desejar feliz 2010! Saúde, health, salud...

p.s. Descobri este pôr-do-sol maravilhoso na janela do meu quarto. Agora, todos os dias corro para vê-lo. É o melhor presente nestes dias de horário de verão.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Pontos

Se quem conta um conto aumenta um ponto, quem usa a vírgula prolonga uma respiração e quem prefere as reticências não esclarece um pensamento.

domingo, 21 de junho de 2009

Aos tímidos e pseudo tímidos

Pode ser que alguém discorde, mas no fundo no fundo, bem lá no fundinho, todo mundo é tímido! Quando o assunto é amor, então, nem aqueles com doutorado na escola da vida, que ganharam na mega-sena ou que já conquistaram a aposentadoria escapam ilesos da timidez. Até os mais extrovertidos da turma, do trabalho e da família, em algum momento ou situação, não conseguem fugir do acanhamento.
O problema é achar que timidez é sempre um problema. Alguns gastam horrores com terapia na expectativa de se livrar desse “mal”. Nada contra, mas, cá entre nós, para que o desespero se ela está impregnada em distintas proporções, é claro, no DNA de cada um? Há também aqueles que preenchem seus horários livres na internet, especialmente nos sites de relacionamento, na vã ilusão de que ali terão todas as chances de se desfazer da vergonha. Iniciam longos bate-papos elaborados por códigos que somente os viciados nesse mundinho virtual decifram (ahahah... kkkk... ehehe...). Depois de um tempo o assunto vai esfriando, esfriando, e nada como uma boa desculpa esfarrapada, somada a um belo ponto final e a uma inexplicável queda de energia para encerrar a prosa. Um dia terão que encarar o lado de fora da lan house e aí quem sabe o Santo Antônio dá aquela forcinha.
Tem também alguns espertos que usam a timidez como desculpa para tudo. Um exemplo é acenar um alô para uma pessoa, que está a alguns metros de distância, e não ser correspondido. Vivencio situações como essa com uma certa frequência por aqui. Parece que estou quase sempre dando tchau para o “Além”, quem sabe um dia ele me vê! Tudo bem, pode ser que a criatura não tenha me visto, ou que seja míope e justo naquele dia tenha esquecido os óculos no banheiro. Ainda assim, no fundo no fundo, bem lá no fundinho, continuo achando que esse comportamento tem outro nome: falta de educação.
Nas baladas é mais fácil identificar o perfil de um pseudo tímido. Ele divaga pelos cantos sozinhos ou, geralmente, em bando. Sempre com uma cerveja ou um cigarro na mão, pois não pode deixá-la simplesmente livre, leve e solta. Precisa urgentemente segurar a bendita da garrafa e, em alguns casos, se entupir de longos goles da bebida para criar coragem ainda que a presa tenha dado todos os sinais verdes possíveis de interesse. Como o mercado feminino anda farto, ele pensa que está no direito de escolher e faz o “tipo” de difícil. Se o ambiente for propício para dançar a dois, a coitada pode esquecer! Na maioria das vezes, esperar por um simples convite significa o mesmo que aguardar a tarde inteira por uma consulta na ginecologista.
Enquanto isso, o tímido de verdade, quando resolve tomar iniciativa e se aproxima da garota, também pode estar para lá de tonto, mas a pobre mortal, tão carente quanto ele, resolve dar-lhe uma chance na frustrante noitada, afinal, vai saber se amanhã o sapão com bafo de cerveja não vira um principão?! Se beijam e vão para suas casas convictos de que ganharam na loteria noturna. O dia seguinte? Aí é outra crônica...
E o que me fez escrever sobre esse assunto? Ah... sou tímida demais para contar. Mas eu continuo acreditando que, apesar de tudo, no fundo no fundo, bem lá no fundinho, toda timidez tem sua beleza.
(publicada no jornal Diário de Cuiabá, em 21 de junho de 2009)

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Você escolhe!

Dia desses alguém me perguntou o que era felicidade. Oh perguntinha cretina essa! Minha vontade era responder: “procure no dicionário!”. Mas, depois de alguns segundos de reflexão, cheguei à conclusão que nem os dicionaristas Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e Antônio Houaiss, com o perdão da minha indelicadeza, definem na essência esse substantivo feminino tão abstrato e algumas vezes raro.
As perguntas aparentemente mais óbvias são sempre as mais difíceis de responder. Hoje, tenho a impressão de que aparentamos mais felicidade do que a vivemos com intensidade. Pensei nessa turbulência de informações às quais somos obrigados a nos adaptar e nesse mundo virtual que consome e mascara nosso comportamento real. Colocamos mil fotos no orkut ou fotolog para expor as viagens mais incríveis, as baladas inesquecíveis, os amigos mais divertidos e os namoros bem-sucedidos. Ninguém sabe o que aconteceu antes ou depois daqueles cliques. Ainda bem!
Há alguns anos, se alguém perguntasse para uma adolescente de 15 anos o que era felicidade, ela talvez responderia: “ir para a Disney”. Menos mal, além de conhecer um outro país, aprenderia outro idioma e faria novos amigos. Agora, tenho dúvidas sobre as possibilidades de resposta, embora creia que uma delas seria: “colocar silicone”. Mal sabem as coitadas que o câncer de mama está aí, pega qualquer uma de surpresa (infelizmente tão comum como uma gripe) e não escolhe mais idade, muito menos cor, religião, estado civil ou status social. O Ministério da Saúde e os médicos não advertem sobre essa doença como deveriam e, nas poucas vezes que isso acontece, precisariam assustar essa garotada em vez de só alertar.
Não sei como ainda não inventaram (se existem, estou desinformada) os “peitologs”, “bundalogs” ou “abdomenlogs” para expor na internet, por meio de fotos, os peitos, bundas e abdomens mais turbinados do Brasil. Já pensou? Um concurso miss peituda ou bunduda? Será que já existe e é mais uma novidade sobre a qual, graças a Deus, não estou sabendo?
Hoje, para mim, felicidade é inspirar saúde e expirar os medos e desilusões. É o prazer de estar na estrada, de sentir o vento na cara, de jogar conversa fiada e de rir de madrugada. É dizer não quando convém e sim quando não há desdém. É compartilhar segredos com as irmãs tendo a certeza de que elas trancam as informações num cofre e jogam fora a chave do cadeado (ai delas se não respeitarem esse pacto!). É tirar uma soneca num domingão à tarde para não ter que ouvir a voz do Faustão. Ou tomar um sorvete com sua avó maravilhosa e descobrir as peripécias do passado dela. É caminhar no parque mesmo com esse calor insuportável de Cuiabá. É ir ao cinema, de preferência acompanhada, mas se não der, paciência, vá sozinha, poxa! É rever um amor platônico da infância, aceitar o friozinho adormecido na barriga e não sentir vergonha disso. É escutar o mesmo CD numa tarde de sábado e não se importar com os ouvidos dos vizinhos. É olhar no fundo dos olhos sem desviar do foco. É admitir a timidez, mesmo sabendo que algumas vezes ela atrapalha... É cair e depois levantar com naturalidade, como as crianças fazem e como você também fez na infância. É coragem para errar e ânimo para ajustar. É comemorar uma vitória importante, principalmente quando se trata das pessoas que você mais ama na sua vida – a família –, brindar com os amigos e, por que não, com os desconhecidos. Para mim, são inúmeros os significados de felicidade. Levaria uma eternidade para responder. É por isso que “o alguém” teve que se contentar com a minha curta e grossa resposta: “felicidade é o que você escolhe”.
(publicada no jornal Diário de Cuiabá, em 8 de fevereiro de 2009)

Velho? Não senhora!

Já vou logo avisando que não sou nenhuma expert em fazer críticas de filme com a profundidade daqueles profissionais que lemos por aí. Pouco entendo sobre luz, câmera e ação. Apenas assisto, reflito e me divirto. Mas desta vez, não posso deixar de fazer um breve comentário sobre o filme brasileiro “Chega de Saudade”, dirigido por Laís Bodanzky.
Tive a oportunidade de vê-lo em um cinema de São Paulo onde, curiosamente, a maioria dos telespectadores era composta por senhoras de cabelos brancos e de traços marcantes que deixavam evidentes os longos anos de vida.
Num primeiro momento, achei que o público era um reflexo do filme a que eu iria assistir, mas logo fiquei sabendo que a localização do cinema era mais apropriada para “maiores de idade” por ser de fácil acesso na movimentada capital paulista.
Sem saber muito sobre o enredo, descobri na fila do cinema que todas as cenas foram gravadas em um único lugar: um bar, onde todos os personagens dançavam muito. Então, pensei comigo: “que chato!”. Mesmo assim, com o ingresso na mão, lá fui eu acompanhada do “preconceito”.
Este, por sua vez, cedeu espaço ao prazer assim que escutei as primeiras músicas cantadas pela insubstituível Elza Soares. Além disso, os atores e atrizes de peso da televisão e do teatro brasileiros que compunham o elenco, como Cássia Kiss, Betty Faria, Stepan Nercessian, entre outros, demonstravam a boa qualidade do que estava por vir.
Mas não foram apenas a trilha sonora e os atores que me deixaram encantada com o filme. Foi também pelo assunto, sempre abordado de diversas formas e que não sai de nossas mentes, causa noites de insônia e aparece com freqüência nas conversas de bar. Faça chuva ou sol, seja jovem ou não, ele sempre está ali: o danado do amor.
Laís Bodanzky conseguiu reunir naquele pequeno espaço restrito a mesas, cadeiras, um palco e uma pista de dança, todos os tipos de amores pelos quais já passamos, gostaríamos de experimentar, que talvez nunca tenhamos ou que ainda viveremos. De platônico ao puro e verdadeiro, os amores impossíveis, sedutores, não correspondidos, traidores, desesperados, desiludidos e ciumentos.
Difícil era saber, embora a curiosidade fosse grande, com qual deles a platéia mais se identificava. Quais vivenciavam? Com qual terminariam? Pensava no público para escapar de minhas particulares indagações...
A direção do filme tomou cuidado para não deixar nenhum exemplo de fora. E nesse baile cheio de peculiaridades também não podiam faltar, é claro, personagens como João que amava Maria, que gostava de José, que era encantado por Joana, que não tirava os olhos de Pedro, que não palpitava por ninguém.
Outro exemplo bem colocado foram os amores fortuitos, em que o prazer se restringe a apenas uma noite, nas pistas de dança, nos escuros. Estes sim, independentemente da idade dos envolvidos, são os mais freqüentes em nossos dias. Por quê? Não sei... É bom? Talvez... Muito de vez em quando.
Sensível e bem-humorado, o filme “Chega de Saudade” deixou claro para mim que não importam os anos, séculos e o grau de modernidade em que vivemos: o amor definitivamente não envelhece. Seja bom, angustiante, amigo, ilusório ou traiçoeiro, ele sempre está aqui e ali.
Pena é que existem pessoas que insistem em não compreender isso. No final do filme, quando me levantei da poltrona, pensativa e com vontade de sair dançando, ainda tive que ouvir de uma senhora: “E você garota? O que faz aqui? Isso é para velho!”.
(publicada no jornal Folha do Estado, em 4 de maio de 2008)

Desejo!

É impressionante como todo final de ano somos tomados por um sentimento bastante comum: de renovação. Vontade de que o ano velho termine logo para dar espaço ao novo que vai chegar. Assim, prometemos corrigir os erros do passado e fazemos inúmeros planos para o futuro. Agimos como se pudéssemos parar o tempo, apagar ou guardar lembranças para, então, de alguma forma começar novamente. A partir daí, traçamos metas, ou retomamos aquelas que ficaram engavetadas, como iniciar um regime, falar menos, agir mais, pensar menos, cantar mais...
Aliada a essa sensação, algumas pessoas, como eu, colocam em prática antigos rituais que, a meu ver, poderiam ser facilmente seguidos no decorrer do ano velho, mas que, infelizmente, só são lembrados às vésperas do novo ano. Então, entram em ação as vassouras, pás e latas de lixo, nas quais depositamos as poeiras do passado, as frustrações e bugigangas que tomam espaços desnecessários no guarda-roupa, estante ou qualquer canto da casa.
Todos os anos prometo deixar os armários organizados, mas a simples tarefa, por incrível que pareça, é quase humanamente impossível para mim. A bagunça fica relativamente “ajeitada” até a primeira semana de janeiro e depois somente um “guia” para me ajudar a encontrar qualquer objeto. Que bom seria se todas minhas promessas e metas não praticadas fossem tão básicas quanto essa...
Mas o que realmente me levou a pensar sobre a renovação foi que, casualmente, conversando com alguns colegas, percebi como é natural essa vontade: de querer consertar, mudar, esquecer, aprender ou começar somente no ano que vem. Alguns deles relataram que fazem listas das metas a serem cumpridas para não se perderem no meio do caminho, mas acabam lembrando dos compromissos pouco antes da virada do ano. Outros desabafaram, em breves minutos, a sorte que tiveram em 2007 com a simpatia que fizeram à meia-noite do dia primeiro de janeiro. “Não sei o que aconteceu com aquela simpatia, mas sei que vou repetir este ano”, contou o mais convicto.
Há também aquelas pessoas, assim como eu, que não resistem ao apelo das revistas que apresentam escandalosamente nas capas as previsões astrológicas para o ano. Algumas dicas até convencem, mas outras, de tão superficiais, nos deixam frustrados com o investimento depositado nas bancas. Mesmo não dispensando uma ajuda dos astros e algumas simples simpatias de fim de ano – afinal, vai que elas dão aquele empurrãozinho que precisava –, para a passagem de 2008 resolvi não fazer nada. Somente vou desejar.
Desejo que o tempo continue sendo sempre o nosso melhor amigo, pois é ele que nos ajuda a esquecer ou lembrar, a sonhar e planejar e, principalmente, a aprender. Que sejamos mais verdadeiros uns com os outros e menos “personagens” do cotidiano. Mais reais e menos “virtuais”. Mais corajosos e menos iludidos. Ou que apenas fiquemos “com a pureza da resposta das crianças, é a vida, é bonita, é bonita...”, como na música de Gonzaguinha, que sabia a “beleza de ser um eterno aprendiz”. Feliz 2008!
(publicada no jornal Folha do Estado, em 30 de dezembro de 2007)

domingo, 7 de junho de 2009

Final de domingo


Não sei se é o caso de vocês, mas final de domingo para mim é quase sempre – para não dizer constantemente – uma angústia. O dia vai bem até o tradicional almoço atrasado, lá por volta das 13h ou 15h. Depois disso, quando o sol resolve ir embora e os ponteiros do relógio começam a marcar 18h, os formigamentos cerebrais iniciam um árduo trabalho.
Mesmo brigando com o próprio cérebro para esquecer os inúmeros compromissos da semana que começa - até que o próximo e tão sonhado fim de semana chegue novamente - o teimoso insiste em entrar em ação para atrapalhar o pouco de domingo que ainda me resta.
Felizmente, o último domingo (26) foi bem diferente! Despretensiosamente, fui assistir a uma peça de teatro no Sesc Arsenal, da qual mal sabia o nome e muito menos a origem ou roteiro. Prevista para começar às 20h, a fila em frente à porta do teatro ganhou corpo e vozes com 20 minutos de antecedência – coisa “rara” para um domingo teatral em Cuiabá.
Tantos rostos e rumores diferentes que mesmo brigando com meu cérebro ambulante para que me deixasse em paz e curtisse o momento, sem me preocupar com as obrigações da semana, pensei: “de onde vem tanta gente? E num domingo?! Que peça é essa?”.
O bom é que não foi necessário muito tempo para as respostas surgirem espontaneamente. Assim que o espetáculo começou era impossível desviar a atenção para outro lugar e deixar de soltar altas gargalhadas, que mal permitiram ao público ficar parado nas poltronas. Cócegas na barriga eram inevitáveis e mais difícil ainda era impedir que durante todo o espetáculo lágrimas caíssem do canto dos olhos de tantas risadas.
A peça, “Hã...?! Alienada, eu?!”, dirigida por Eduardo Butakka, faz, de forma bem humorada, uma sátira à televisão brasileira e mostra a influência deste objeto na vida de uma família. Uma peça inteligente que mistura costumes regionais com realidades nacionais e nos remete à reflexão sobre o tempo perdido diante da televisão enquanto as horas vão se esvaindo, as pessoas mudando, vivendo, passando, e o mundo se transformando, “crescendo”, girando...
Aos jovens e talentosos atores do grupo “Pessoal do Ânima” (de Cuiabá), que me permitiram uma hora e quarenta minutos de risada e descanso para o meu cérebro: muito obrigada!
(crônica publicada no jornal Folha do Estado em 30 de agosto de 2007)