domingo, 7 de junho de 2009

Final de domingo


Não sei se é o caso de vocês, mas final de domingo para mim é quase sempre – para não dizer constantemente – uma angústia. O dia vai bem até o tradicional almoço atrasado, lá por volta das 13h ou 15h. Depois disso, quando o sol resolve ir embora e os ponteiros do relógio começam a marcar 18h, os formigamentos cerebrais iniciam um árduo trabalho.
Mesmo brigando com o próprio cérebro para esquecer os inúmeros compromissos da semana que começa - até que o próximo e tão sonhado fim de semana chegue novamente - o teimoso insiste em entrar em ação para atrapalhar o pouco de domingo que ainda me resta.
Felizmente, o último domingo (26) foi bem diferente! Despretensiosamente, fui assistir a uma peça de teatro no Sesc Arsenal, da qual mal sabia o nome e muito menos a origem ou roteiro. Prevista para começar às 20h, a fila em frente à porta do teatro ganhou corpo e vozes com 20 minutos de antecedência – coisa “rara” para um domingo teatral em Cuiabá.
Tantos rostos e rumores diferentes que mesmo brigando com meu cérebro ambulante para que me deixasse em paz e curtisse o momento, sem me preocupar com as obrigações da semana, pensei: “de onde vem tanta gente? E num domingo?! Que peça é essa?”.
O bom é que não foi necessário muito tempo para as respostas surgirem espontaneamente. Assim que o espetáculo começou era impossível desviar a atenção para outro lugar e deixar de soltar altas gargalhadas, que mal permitiram ao público ficar parado nas poltronas. Cócegas na barriga eram inevitáveis e mais difícil ainda era impedir que durante todo o espetáculo lágrimas caíssem do canto dos olhos de tantas risadas.
A peça, “Hã...?! Alienada, eu?!”, dirigida por Eduardo Butakka, faz, de forma bem humorada, uma sátira à televisão brasileira e mostra a influência deste objeto na vida de uma família. Uma peça inteligente que mistura costumes regionais com realidades nacionais e nos remete à reflexão sobre o tempo perdido diante da televisão enquanto as horas vão se esvaindo, as pessoas mudando, vivendo, passando, e o mundo se transformando, “crescendo”, girando...
Aos jovens e talentosos atores do grupo “Pessoal do Ânima” (de Cuiabá), que me permitiram uma hora e quarenta minutos de risada e descanso para o meu cérebro: muito obrigada!
(crônica publicada no jornal Folha do Estado em 30 de agosto de 2007)

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